terça-feira, 4 de dezembro de 2007

TV PAGA EM CRISE?


A Tv por assinatura é um privilégio de apenas 8% dos Brasileiros (um dos Países que paga mais caro para ter esse “lazer”).
Só que aqui ela está entre as campeãs de reclamações.
Entre Janeiro e Setembro desse ano o procon recebeu mais de 21 milhões reclamações de usuários de Tvs por assinatura. Entre os problemas: Programação imprópria, falhas técnicas, cobranças indevidas e atendimento ruim.
Mas esse não é o único problema!
Quando ela foi implantada aqui no Brasil, analistas tinham a certeza que seria um dos setores de maior crescimento da Economia.
No começo isso realmente parecia estar acontecendo.
O objetivo era alcançar a marca de 8 milhões de assinantes. Mas tudo começou a mudar desde 1997...
Por mais que aparecesse a grande quantidade de novas assinaturas, o número de inadimplentes e de desistências começava a aumentar. A rotatividade começou a variar entre 30% a 60%.
Mas o que será que havia acontecido?
Antes, a venda de assinaturas ocorria sem nenhum problema. Novos conhecimentos e culturas faziam parte da programação. E eram muito bem aceitas, pois os assinantes eram formados por classes de alto poder aquisitivo.
A medida que as assinaturas foram aumentando, esse setor se deparou com novos perfis de assinantes. Já não bastavam canais como o Sony, Superstation, CNN ou RAI, entre outros, que ofereciam uma programação em língua estrangeira e sem qualquer forma de tradução. Para piorar as coisas, empresas como a NET promoveram atualizações tecnológicas obrigando seus assinantes a arcar com as despesas.
O resultado disso foi um clima de insatisfação com o serviço oferecido, levando a NET a se tornar uma da lideres de reclamações no Procom. O erro da NET num primeiro momento beneficiou a TVA que obteve desde então um desempenho superior. Mas mesmo a TVA também vem enfrentando sérios problemas.
É na falta de sensibilidade das operadoras ante o gosto do público brasileiro que encontramos a principal causa da crise do setor. Não basta uma enorme quantidade de canais. Hoje, o proprietário de antena parabólica possui a sua disposição cerca de 14 canais abertos, todos em português, com produção local, atendendo aos mais diferentes gostos e sem nenhuma despesa ao espectador. Um assinante de TV paga recebe num pacote popular uma quantidade semelhante de canais, sendo a maioria produzidos no exterior e originalmente destinados a classe média norte-americana, muitos sem qualquer forma de tradução. Um bom exemplo disto é a CNN. Qual interesse pode ter a maioria dos espectadores brasileiros em assistir tal canal? Mesmo assim, todos os pacotes disponíveis incluem a CNN. Mesmo o CBS Telenoticias, que ao menos é em português, possui dificuldades em atender as espectativas.
A falta de produção de programas no Brasil leva a criação de um novo problema: a falta de identificação do público com o canal. Faltam rostos, pessoas que possibilitem o surgimento de uma relação mais forte com o espectador.
Também existe um excesso de reprises na maioria dos canais. Canais como o Eurochanel chega a repetir dezenas de vezes o mesmo filme.
E há ainda o problema da forma como os pacotes de canais são compostos. A maioria das pessoas prefeririam escolher os canais do pacote a ser adquirido, mas são obrigadas a assinar dezenas de canais sem o menor interesse.
Talvez por esses diversos motivos a Tv Paga esteja “decaindo”. Seria preciso uma programação mais atraente, e um compromisso desse setor com o seu público.


Nicole Dalmazzo.

Um comentário:

Márcio disse...

Cara Nicole,

Discordo sobre a CNN. Creio que num mundo globalizado, em que um espirro na bolsa de NY pode demitir milhares de peões no Brasil, notícia seja um artigo fundamental.
Falta educação à população para, de fato, compreenderem, onde estamos metidos....

Márcio Rodrigo